Mapa de influências, como e porque fazer e questão da representatividade
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Nos últimos dias vários artistas começaram a postar seus Mapas de influência.
Isso é basicamente um grid com imagens dos artistas que influenciaram a pessoa.
A parte tecnológica para fazer o mapa é simples. Esse site oferece um template pronto e prático para colocar as imagens escolhidas e gerar um mapa de influências http://labs.iconic.network/mapa/ (só um adendo, iconic é um daqueles gurus da internet que vive de ensinar os outros a viver, então eu não estou recomendando ou endossando de forma alguma essa "empresa", só essa ferramenta específica, que pode muito bem ser substituída por um uso simples de photoshop).
A parte da escolha dos artista é mais simples ainda.
Veja a escolha das pessoas que influenciam a gente não deve ser algo que você tem que pensar muito para saber. Não é um cálculo, seu mapa de influências não tem que agradar ninguém, não tem que ter qualquer equilíbrio, ele tem que representar as artes que você sempre olha, sempre estuda, sempre admira e sempre tem como referência.
Se você gosta de desenho ou pintura garanto que há fácil 8, 10 ou 12 nomes de pessoas importantes para essa parte da sua vida na sua cabeça.
Eu comecei a pensar quem seriam minhas influências e foi muito natural chegar nos nomes.
Primeiro o Davi Calil, com quem eu aprendi a pintar e que inevitavelmente sempre vai ser uma mão invisível em tudo que eu fizer. Depois o Cárcamo, que eu sempre admirei as aquarelas e que também foi meu professor. O Ronaldo Barata na mesma linha, eu sempre gostei do trabalho dele e ele foi meu professor de desenho, então não ter como não ser uma influência.
Eu sempre admirei muito o Alphonse Mucha, pela leveza das criações dele. Depois que eu comecei a pintar minhas principais referências, aqueles caras que eu sempre volto a estudar são Sargent, Rockwell, e Frank Frazetta.
Por último, mas não menos importantes, um cara bem fora dessa linha mas que eu sempre olho buscando um jeito de ser mais expressivo em muitos sentidos é o Bill Sienkiewicz e tem também o Tim Sale, o Bruce Timm e Mike Mignola são as referências de sutileza e simplificação.
Obviamente por eu ser leitor de quadrinhos eu tenho muitas referências vindas dos quadrinhos, porque as referências sempre estão ligadas a algo que nós gostamos e justamente por isso que sempre voltamos nelas.
Agora, por que fazer um mapa?
Independente do nível do artista, é importante ter consciência das referências para entender porque fazemos as coisas do jeito que fazemos. Sempre que você cria uma coisa, ela é sua, é única, é original e singular, MAS, tudo sempre vem em maior ou menor nível de algum lugar da nossa cabeça.
Reconhecer isso, permite estudar melhor e se aprofundar mais nos gostos e na definição daquela coisa quase etérea chamada estilo.
Agora, estou vendo várias pessoas já começando a polemizar o mapa de influências, porque na maioria dos casos são compostos por homens brancos.
Assim, sejamos sinceros. A cultura que que vivemos vem de séculos de machismo, opressão, eurocentrismo e infinitas babaquices. É torpe isso, sim, demais. Mas, esse sistema cruel nunca deu espaço para quem fugia do padrão rico, homem branco europeu.
Isso é um problema? Sim, eticamente é um problema e devemos sempre lutar e estimular o surgimento de um corpo artístico muito mais diversificado e, apesar de todos os pesares, tem começado a formar uma multiculturalidade. Ainda é longe do ideal, todos os materiais de arte são caríssimos, dificultando a entrada de pessoas sem o conjunto certo de privilégios e tudo mais.
Dito isso, estabelecido que o mundo é torpe e que temos que lutar contra isso, o mapa de influências é uma decorrência desse problema e não um ponto de mudança.